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 ORIGEM 

 DO ICGJMG 

FUNDADORES E MEMBROS HONORÁRIOS

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CARLOS ALBERTO CORRÊA SALLES

Membro Fundador (in memoriam)

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NAPOLEÃO DE MACEDO E MELO

Membro Honorário

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FRANKLIN CHANG

Membro Fundador

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OLAVO ROMANO

Membro Fundador

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JOSÉ JAMES DE CASTRO BARROS

Membro Fundador e Honorário

PERFIL >>

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WALTER BOECHAT

Membro Fundador

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SUZANA PAIVA

Membra Fundadora

A ORIGEM DO INSTITUTO C.G. JUNG MG

Por: Jussara Maria de Fátima César e Melo*

 

Conheci Carlos Alberto Corrêa Salles quando proferia uma palestra em uma Universidade de Belo Horizonte, em 1990. Naquela tarde sua fala se distinguiu da fala dos outros conferencistas também por uma peculiaridade que o acompanhou até o final da vida. Enquanto os conferencistas antropomorfizavam a psicopatologia, reduzindo a pessoa à sua doença, por meio do uso de termos como “a histérica, o psicótico”, Carlos Alberto falava de indivíduo. Falava do indivíduo e de seu processo de individuação, falava da sua condição como pessoa e de seu jeito de estar no mundo.

Carlos Alberto nasceu no dia 12 de maio de 1949, em Alfenas, cidade do Sul de Minas Gerais, conhecida pelas universidades e plantações de café. Estudou medicina na UFMG, em Belo Horizonte, e fez residência em Psiquiatria na FHEMIG. Queria especializar-se em Psicologia Analítica, não muito conhecida no Brasil àquela época. A solução estava na Suíça, para onde se mudou para estudar no C.G. Jung-Institut Zürich, em Zurique. Sua vida lá não foi fácil, costumava dizer. Sua família não era rica e ele precisava se sustentar no país mais caro do mundo com recursos próprios. Não podia exercer a medicina em Zurique, então Carlos Alberto se sustentou, durante sua especialização, fazendo traduções e versões para outros estudantes, o que lhe rendeu o aprendizado de vários idiomas. Trabalhava muito e estudava mais ainda; seu lazer preferido era nadar no lago de Zurique, fazer longas caminhadas e ouvir ópera. Aprendeu a culinária suíça e alemã, que muito apreciava, principalmente Wurst-käse.

No C.G. Jung-Institut Zürich, Carlos Alberto estudou com importantes discípulos de Jung, com quem também fez sua análise pessoal e supervisão - era o período áureo do Instituto! - costumava lembrar. Em novembro de 1987 recebeu o título de analista, filiado à International Association for Analytical Psychology - IAAP e à Association of Graduate Analytical Psychologists - AGAP. Esta última associação, AGAP, foi fundada em 1954 pelos analistas graduados pelo Instituto de Zurique com o objetivo de continuar o desenvolvimento da Psicologia Analítica e trabalhos científicos de seus membros.

Carlos Alberto voltou ao Brasil no final da década de 80. E, continuando a atender ao chamado interno, criou um grupo de estudo do pensamento junguiano em sua casa, que foi transferido para a Associação Médica de Minas Gerais. Nesta época, éramos poucos os colaboradores deste empreendimento, mas muito empenhados, como José James de Castro Barros, Walter Boechat, Paula Pantoja Boechat, Olavo Romano, Franklin Chang, Napoleão de Macedo e Melo e eu.

O objetivo era criar o Instituto C.G. Jung MG, nos moldes do C.G. Jung-Institut Zürich.  Foram três viagens à Suíça e muito trabalho até que em 10 de setembro de 1991 o desafio foi vencido e o Instituto C.G. Jung MG foi criado como instituição sem fins lucrativos, filiada à International Association for Analytical Psychology, com o principal objetivo o de promover a formação e o aperfeiçoamento de analistas junguianos, segundo os critérios da Internacional Association for Analytical Psychology  e, logo depois, da Associação Junguiana do Brasil – AJB, criada em 11 de novembro do mesmo ano. Carlos Alberto participou da fundação da Associação Junguiana do Brasil, com os colegas que também estudaram no C.G. Jung-Institut Zürich, Elisabeth Zimmermann, Glauco Ulson, Paula Boechat, Priscila Caviglia (in memoriam), Walter Boechat e Candido Vallada.

Como na estruturação mítica, vencido o primeiro desafio, novos desafios foram se apresentando. Dificuldades financeiras para a manutenção do Instituto C.G. Jung MG exigiam que fizéssemos constantes doações para custear as necessidades básicas de funcionamento, como selos e material de escritório e divulgação. As palestras do Instituto abertas ao público contavam com quórum reduzido, àquela época. Na década de 90, o pensamento lacaniano era dominante em Belo Horizonte.

Em 2002 o Instituto C.G. Jung MG fez parceria com o Centro de Educação Continuada da Universidade Católica de Minas Gerais, oferecendo o Curso de Especialização em Psicologia Analítica Junguiana. Os cursos de Especialização foram realizados até 2006. Nesta época o Curso de Especialização em Psicologia Analítica fez parte do Propaedeuticum do Curso de Formação de Analistas, metade do curso de formação. Surgiu, então, a primeira turma de candidatos a analistas e em 2007 o Instituto C.G. Jung MG formou os primeiros analistas, Alberto André de Mendonça e eu. 

Os três últimos anos marcaram a história do Instituto C.G. Jung e de seu fundador. Conseguimos criar a Clínica Social do Instituto, para atender à população carente de nossa cidade, e um programa de bolsa de estudo para pessoas de comprovada capacidade acadêmica que não tenham recursos financeiros para realizar ou completar seus estudos no Instituto C.G. Jung MG.

Carlos Alberto encontrava-se na sua fase mais produtiva, escrevendo e editando livros. Seu livro Somos Feitos da Matéria dos Sonhos foi relançado na Alemanha, pela editora alemã S. Fisher Verlag GmbH, com grande sucesso, e em outubro de 2013 ele foi convidado para lançar a versão alemã de seu livro Confessar com o Diabo, na feira de Frankfurt. Nessa época sua saúde não estava tão boa quanto antes; ele havia desenvolvido insuficiência cardíaca, como consequência de diabetes. Todos seus amigos o aconselharam a não fazer aquela viagem sozinho, mas Carlos Alberto não era de recusar seu chamado interior.

No dia 16 de outubro de 2013 a Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores entrou em contato com o Instituto C.G. Jung MG.  Mensagem curta, objetiva, preocupante: Carlos Alberto estava internado na clínica Frankfurt Höchst, em coma, após ter sido encontrado inconsciente no quarto do Hotel Ramada onde esteve hospedado. Esse foi o maior desafio de sua vida, mas Carlos Alberto não desistiu. Naquela época foram dois meses de internação, um em Frankfurt e outro em Belo Horizonte.  E mesmo com a saúde cada vez mais debilitada, com várias idas e vindas de hospitais depois do episódio em Frankfurt, Carlos Alberto continuou lutando. Estava escrevendo novo livro quando foi embora na noite de 04 de novembro de 2014. Na época ele era presidente do Instituto C.G. Jung MG. Com sua morte, Alberto Delpino assumiu a presidência, mas ficou pouco tempo, seguiu o amigo 21 dias após sua morte, no dia 25 de novembro. Perdemos dois grandes amigos e o Instituto perdeu dois grandes analistas. Coincidência impiedosa! Carlos Alberto completou o ciclo do herói. Ouviu o chamado, partiu para a jornada, superou os obstáculos e fez o caminho de volta, retornou para casa trazendo o elixir. Hoje o Instituto C.G. Jung MG está consolidado como respeitável instituição de formação de analistas e divulgação da Psicologia Analítica.

Carlos Alberto Corrêa Salles, fundador do Instituto C.G. Jung MG e cofundador da Associação Junguiana do Brasil – AJB, escreveu 10 livros de Psicologia Analítica, sendo 4 em parceria com outros autores:

 

  1. Beim Teufel Zur Beichte Gehen: Die Archetypische Dimension Der Religiosität. Frankfurt: S. Fischer Verlag GmbH, 2013.

  2. Wir Sind Aus Demselben Stoff, Aus Dem Auch Die Träume Sind. Frankfurt: S. Fischer Verlag GmbH, 2012.

  3. Myths and Legends from Brazil. In: Celebrating Latino Folklore: an encyclopedia of cultural traditions. 3 v. Santa Barbara: ABC-CLIO, 2012.

  4. Confessar com o Diabo: a dimensão arquetípica da religiosidade. Curitiba: CRV, 2012.

  5. Estudos sobre a Homossexualidade: debates junguianos. Carlos Alberto Corrêa Salles e Jussara Maria de Fátima César e Melo (org.). São Paulo: Vetor, 2011

  6. Nos sertões de Guimarães Rosa. Carlos Alberto Corrêa Salles (org.). Curitiba: CRV, 2011.

  7. Sexualidade e Individuação. Carlos Alberto Corrêa Salles e Jussara Maria de Fátima César e Melo (org.). São Paulo: Vetor, 2007.

  8. Somos feitos da matéria dos sonhos. Rio de Janeiro: Record, 1998.

  9. Individuação. Rio de Janeiro: Imago, 1992.

  10. Sonhos arquetípicos. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

 

*Psicóloga Clínica. Mestre em Psicologia. Analista didata membro da International Association for Analytical Psychology – IAAP e da Associação Junguiana do Brasil – AJB. Especialista em Psicologia Analítica. Professora do Curso de Formação de Analistas do ICGJMG. Psicanalista pela Sociedade Psicanalítica de MG. Administradora de Empresas.

Coautora e organizadora dos livros: Sexualidade e individuação. Carlos Alberto Corrêa Salles e Jussara Maria de Fátima César e Melo (org.) Editora Vetor, 2007; Estudos sobre a Homossexualidade: debates junguianos. Carlos Alberto Corrêa Salles e Jussara Maria de Fátima César e Melo (org.). Editora Vetor. 2011. Autora do capítulo Sonho, o teatro do inconsciente. In: Sonhos: do cotidiano ao arquetípico. Dulcinéa da Mata Ribeiro Monteiro (org.). Editora Wak, 2010.

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